Na
época da Reforma Protestante com Martinho Lutero em 1517, surgiu um grupo
denominado Anabatista. Esse grupo, considerado por muitos historiadores como
radical, tinha um pensamento diferente dos reformadores sobre o “estudo das
Escrituras”. Muitos deles acreditavam que não era necessário o estudo das
Escrituras, “porque a letra mata”. Por conta disso, vários rasgaram a Bíblia
sobre esse pretexto.
Hoje,
muitos possuem o mesmo pensamento sobre a Bíblia ou um curso teológico. “Não se
pode estudar demais, a letra mata”. Primeiro, devemos entender que todo texto
não pode ser entendido fora do seu contexto. Quando Paulo fala sobre a “letra
mata, mas o espírito vivifica”, o mesmo se refere a lei e a graça, ele não está
condenando o estudo da palavra de Deus. Porque se o apóstolo estivesse fazendo
isso, estaria se contradizendo, pois ele disse a Timóteo, seu filho na fé:
“Aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino” (1Tm 4.13). Segundo, “teologia
não esfria o crente, mas apaga o fogo estranho”. A teologia é um auxílio para
que possamos ter um entendimento mais amplo das Sagradas Escrituras. Ela é um
dos meios pelos quais a analisamos e a compreendemos. A questão está na forma
como fazemos uso da teologia. Se é para a glória de Deus ou para inflar nosso
ego. Portanto, como disse o puritano William Ames: “Teologia é a doutrina ou o
ensino de viver para Deus”.
Além
do mais, sempre foi o desejo de Deus que o seu povo aprendesse da sua palavra.
O profeta Oseias usado por Deus disse: “O meu povo está sendo destruído, pois
lhe falta o conhecimento” (Os 4.6). Isaías declarou: “O boi conhece o seu dono,
e o jumento, o lugar onde lhe dão comida, mas Israel não tem conhecimento, o
meu povo não entende” (Is 1.3). Neemias e Esdras começaram um avivamento por
meio da palavra, toda a nação foi restaurada pela exposição das Escrituras (Ne
8.1-18). O rei Josias promoveu um grande avivamento, quando o livro da Lei foi
encontrando na casa do Senhor, tirando todos os ídolos e promovendo várias
reformas no reino de Judá (2Rs 22.8-20). Outro rei que realizou um grande
avivamento, foi Josafá. Esse homem dedicou-se buscar a Deus, escolheu certos
Levitas e Sacerdotes para percorrer todas as cidades de Judá, ensinando o povo
a Lei do Senhor. Por esse ato de Josafá, “o terror do Senhor veio sobre todos
os reinos das terras que estavam ao redor de Judá, de maneira que não fizeram
guerra contra Josafá” (2Cr 17.1-19). É evidente que o estudo da palavra sempre
trouxe avivamento para o povo de Deus.
Por
fim, a reforma aconteceu através do estudo da palavra de Deus, considerado um
dos maiores avivamento da história da igreja. Martinho Lutero lendo o texto de
Romanos 1.17: “O justo viverá pela fé”. Descobriu que não precisava de
indulgências para alcançar a salvação, mas o homem é justificado simplesmente
pela fé e não pelas obras. Com suas 95 teses colocadas no Castelo de Wittenberg,
que causou impacto em toda a Europa, a igreja se libertou de várias heresias
ministrada pelo catolicismo – retornando aos princípios fundamentas da fé
cristã. Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, colocou-a nas mãos do povo,
porque na época somente os padres tinham acesso a ela. O povo foi lendo a
Bíblia, vendo os erros do catolicismo e se libertando dele. Um dos pontos
principais defendido pelos reformadores foi a sola scriptura (somente
as escrituras). A Escritura era o centro e não a tradição mais o Papa. Assim, a
reforma aconteceu sobre o estudo sério das Escrituras. Homens como Martinho
Lutero, João Calvino, Zuínglio, John Knox e outros, tiveram uma boa formação
teológica, e Deus os usou grandemente para abençoar a sua igreja.
Portanto,
usar como pretexto de que a “a letra mata” para não estudar a Bíblia ou fazer
um curso teológico, é conversa de crente preguiçoso. Porque jamais a teologia
esfriará o cristão, mas sempre contribuirá para o crescimento espiritual. A
vontade de Deus para as nossas vidas é que cresçamos na graça e no
conhecimento. Sempre equilibrando o conhecimento com uma vida oração.
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