Mateus
8:14,15 relata a cura da sogra de Pedro, e nesse texto podemos aprender
princípios doutrinários que contribuirão para uma vida piedosa. As curas
realizadas por Cristo apresentadas nos evangelhos, não tem apenas o intuito de
nos ensinar curas físicas, mas espirituais e pontos doutrinários para vida
cristã.
Nesse
texto, fica evidente três princípios que são: pecado original, sacrifício de
Cristo e o serviço cristão. Vamos então analisar cada um deles e sua parte
prática.
1.
Pecado Original
O
texto de Mateus relata: E tendo
Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre
(Mt
8:14). Já Marcos e Lucas relatam que depois
de haverem saído da sinagoga foram para a casa de Pedro.
Mateus
deixa evidente que essa mulher estava enferma, acamada, impossibilitada de
fazer suas atividades do cotidiano, não sabemos qual doença ela foi acometida.
Essa é primeira lição que podemos aprender com esse relato, o pecado. Assim se
encontrava a humanidade depois da queda de Adão, ficou enferma pelo pecado e
toda sua descendência ficou sujeita ao mesmo. Antes de Adão desobedecer a Deus,
o homem era santo, perfeito e vivia em harmonia com o seu Criador, mas quando
violou as ordens de Deus, veio as consequências das suas ações sobre toda
humanidade. A
Confissão Belga, no capitulo 15 descreve sobre o pecado original dizendo:
Cremos que, pela desobediência de Adão, o pecado original se estendeu por todo o gênero humano. Este pecado é uma depravação de toda a natureza humana e um mal hereditário, com que até as crianças no ventre de suas mães estão contaminadas. É a raiz que produz no homem todo tipo de pecado. Por isso, é tão repugnante e abominável diante de Deus que é suficiente para condenar o gênero humano.Nem pelo batismo o pecado original é totalmente anulado ou destruído, porque o pecado sempre jorra desta depravação como água corrente de uma fonte contaminada. O pecado original, porém, não é atribuído aos filhos de Deus para condená-los, mas é perdoado pela graça e misericórdia de Deus. Isto não quer dizer que eles podem continuar descuidadamente numa vida pecaminosa. Pelo contrário, os fiéis, conscientes desta depravação, devem aspirar a livrar-se do corpo dominado pela morte (Romanos 7:24).Neste ponto rejeitamos o erro do pelagianismo, que diz que o pecado é somente uma questão de imitação.
Portanto,
o homem jamais poderá ser salvo por suas próprias ações, porque elas deixaram o
homem totalmente voltado para o pecado, somente pela graça de Deus ele pode ser
resgatado.
2.
Sacrifício de Cristo
Depois
de Jesus contemplar a mulher com febre, Ele a toma pela mão, e a febre a deixa
(Mt 8:15). Aqui, aprendemos algo de suma importância, nós estávamos enfermos
pelo pecado de tal forma, que erámos escravo de satanás, e voltados
completamente contra a lei de Deus. A mão de Jesus resgatando essa mulher desta
enfermidade, simboliza seu sacrifício na cruz, em favor dos pecadores por quem
Ele morreu, essa é a segunda lição que podemos aprender com esse relato.
Como
o apóstolo escreveu para a igreja de Éfeso: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito
amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos
vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
e nos ressuscitou
juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo
Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza
da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus
(Ef 2:4-7).
Fomos salvos não porque Deus viu algo de bom em nossas atitudes, mas por causa
da sua graça e misericórdia, como Paulo descreve, tudo isso Cristo fez por meio
da sua morte na cruz.
Deus
nos tirou de um charco de lodo e pôs os nossos pés sobre uma rocha (Sl 40,2).
Se não fora pela morte de Jesus na cruz, ainda estávamos no lamaçal do pecado, mas
aprouve a Deus enviar seu filho para nos salvar da maldição do pecado. O propósito
de Cristo ao morrer na cruz foi justamente pelos nossos pecados (1Co 15:3),
para a nossa justificação (Rm 4:25), nossa reconciliação com Deus (2Co 5:18) e
para colocar a sua justiça em nossa conta (2Co 5:21).
O
apóstolo Pedro falando sobre o sacrifício de Cristo diz: Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como
prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por
tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um
cordeiro imaculado e incontaminado (1Pe 1:18,19).
Percebemos por esse texto, que tínhamos uma dívida para com Deus que éramos incapazes
de pagar, entretanto, Cristo veio e pagou nossa dívida, não com prata ou ouro,
mas com seu precioso sangue imaculado. Cristo
é o nosso sacerdote, e continua a interceder pelo seu povo. O Breve Catecismo
de Westminster na pergunta de número 25 e resposta, nos mostra como Cristo
exerce a função de sacerdote:
Cristo exerce as funções de sacerdote, oferecendo-se a si mesmo, uma só vez, em sacrifício, para satisfazer a justiça divina, reconciliar-nos com Deus e fazendo contínua intercessão por nós.
3.
Serviço
Após
Jesus estender a mão sobre a sogra de Pedro, a febre a deixou, ela se levantou,
e o serviu (Mt 8:14). Deus enviou seu filho ao mundo para nos libertar do
império do pecado, nós éramos escravos do pecado, filhos da ira e da
desobediência. Jesus ao morrer na cruz, nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o
reino do seu Filho amado; em quem temos a redenção, a saber, a remissão
dos pecados (Cl 1:13,14). A terceira
lição que aprendemos aqui é: Cristo nos salvou para servimos a Ele.
“Servir
a Deus implica todo aquele que foi salvo pelo sangue de Cristo, viver uma vida
completamente de devoção a Deus, vida essa que venha refletir as obras de
Cristo no falar, andar, pensar, na sociedade e família”.
Paulo
escrevendo para a igreja de Éfeso, ensina para aqueles cristãos no capitulo 2,
que fomos salvos inteiramente pela graça e não por obras. Mas no verso 10 do
mesmo capitulo ele diz: “Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes
preparou para que andássemos nelas”. Paulo não deixa de dar importância
as obras, porém, ele demonstra que as obras não são a causa da salvação e sim a
consequência dela. Logo, quem é salvo pela graça de Deus, vai produzir boas
obras através do serviço cristão para a glória de Deus. Porque Deus nos criou
para isto, manifestar sua glória. O Catecismo Puritanos pergunta de número 1 descreve
assim:
Qual é o fim principal do homem? Resposta: O fim principal do homem é glorificar a Deus, e deleitar-se nEle para sempre.
Jesus
deu maior importância nessa área do serviço cristão no sermão da montanha, Ele
afirmou que somos sal da terra e luz do mundo (Mt 5:13-16). Mas o que Ele
queria ensinar ao dizer que somos o sal da terra e luz do mundo? Ele estava dizendo
que os seus discípulos deveriam influenciar a sociedade por meio de suas obras,
assim como o sal era usado como um conservante; eles deveriam conservar o mundo
vivendo uma vida de integridade. Cristo disse que era luz do mundo (Jo 8:12),
nesse texto de Mateus, o mesmo chama os discípulos de luz do mundo, dando a
entender que, assim como a lua reflete a luz do sol no lado escurecido da terra,
a igreja deve refletir os raios do “Sol da Justiça” (Ml 4.2) em um mundo
escurecido pelo pecado.
Conclusão
A
parte prática que podemos aplicar para nossa vida cristã é:
Primeiro,
a cura da sogra de Pedro no ensina que um dia estávamos enfermos pelo pecado,
afastado completamente de Deus, e impossibilitados de ir até Deus por meio de
nossas ações.
Segundo,
Deus enviou seu filho para nos resgatar do império das trevas, para o reino de
Cristo. Fomos comprados pelo sangue de Cristo, reconciliados e justificados por
meio da sua obra na cruz do calvário.
Terceiro,
todos que foram salvos pelos méritos de Cristo, passarão a servir a Deus,
usando seus talentos para a glória do reino de Cristo, e frutificando em toda
boa obra.
Sidney Muniz
Notas:
Confissão Belga
Breve Catecismo de Westminster
Catecismo Puritano
Comentário Bíblico de Beacon
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