Lucas
registra a cura de um homem hidrópico realizado por Jesus no sábado. Um dos
principais dos fariseus convida Jesus a sua casa para comer pão, imediatamente
aparece um homem enfermo com hidropisia, porém, o aparecimento desse homem era
mais uma tentativa de os fariseus acusarem Jesus de quebrar o sábado.
Nesse
presente texto, queremos fazer uma síntese de como Jesus agiu diante dos seus
opositores e os princípios práticos contidos na passagem para a vida cristã.
Jesus na casa do fariseu
Aconteceu que, ao entrar ele num sábado
na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que o estavam
observando (Lc 14.1).
Jesus foi convidado por um dos principais
fariseu para comer no sábado na sua casa. Compartilhar refeições era algo
importante na vida dos judeus e tonou-se uma parte importante da igreja
primitiva (At 2.46). No Oriente, fazer as refeições juntos são um símbolo de
amizade e um sinal de compromisso uns com os outros[1].
Os fariseus viam Jesus como alguém que
quebrava a lei, por curar no sábado, portanto trabalhava, e quebrava a lei.
Segundo Barklay, “a lei tinha suas regras meticulosas e detalhadas a respeito
das refeições no sábado. É obvio, não se podia cozinhar em tal dia, já que isso
teria sido trabalhar. Devia-se cozinhar na sexta-feira; e se era necessário
manter a comida quente, devia faze-lhe em tal forma que não cozinhasse mais”[2].
Dessa forma, “os fariseus e escribas” consideravam essas regras como religião verdadeira.
Lucas destaca que eles estavam observando Jesus, talvez para detectar qualquer violação da observância do sábado. Sobre isso, Henry comenta:
“Este fariseu, como outros, parece que teve má intenção ao receber Jesus em sua casa, mas o nosso Senhor isso não lhe impedia de curar um homem, embora soubesse que suscitaria um murmúrio por fazê-lo no dia do repouso”[3].
O proceder de Jesus ensina-nos a prudência como ele se comportava diante de
seus inimigos. Geralmente, as pessoas tendem a perder a paciência diante disso,
mas Jesus permanecia sereno.
Jesus
cura o homem hidrópico no sábado
Ora, diante dele se achava um homem
hidrópico. Então, Jesus, dirigindo-se aos intérpretes da Lei e aos fariseus,
perguntou-lhes: É ou não é lícito curar no sábado? Eles, porém, nada disseram.
E, tomando-o, o curou e o despediu (Lc 14.2-4).
Nesse trecho, podemos destacar três
pontos nessa passagem. Primeiro, Jesus diante de um homem hidrópico. Hidrópico
ou hidropisia é uma doença que faz com que o corpo de uma pessoa inche bastante[4].
É curioso o fato de esse homem aparecer na casa do anfitrião, talvez os
fariseus estavam preparando uma cilada a Jesus, por isso a “observação” (Lc
14.1). Segundo, a defesa de Jesus curar no sábado. Os escribas e fariseus
consideravam-se como autoridades da lei, eles esperavam que Jesus curando esse
homem no sábado caísse em seu poder. Diante disso, Jesus transferiu a
responsabilidade a eles através de uma pergunta: “É ou não é lícito curar no sábado?”
A lei condenava tais atos de misericórdia? O preconceito deles e propósitos
malignos os impediram de admitir. Terceiro, Jesus curou o homem. Jesus estava
consciente que o homem hidrópico não era partidário daquela trama dos fariseus,
porém um inocente sofredor que estavam sendo usado pelo anfitrião da casa. Segundo
Beacon, “o Mestre, sábio e bondoso como sempre, o curou e o despediu”[5].
Dessa forma, fica evidente a bondade de Cristo diante do problema daquele homem
e o legalismo dos escribas e fariseus.
Jesus
como intérprete da lei
A seguir, lhes perguntou: Qual de vós, se
o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? A isto nada puderam
responder (Lc 14.5,6).
Jesus faz uma pergunta que os fariseus não
foram capazes de responder. Eles sabiam que Jesus estava certo ao curar no
sábado, na lei era permitido resgatar um animal quando caia em algum poço – algo
que era muito comum na Palestina e muitas vezes causavam acidentes (Ex 21.33). Esses
doutores da lei causavam mais preconceitos com suas doutrinas cheias de
tradições humanas do que agir com misericórdia, levando a desconsiderar as necessidades
dos seres humanos na época. Portanto, Jesus como intérprete da lei deixou claro
que não estava quebrando o quarto mandamento, mas cumprindo, a lei não proibia
ajudar o próximo.
O texto deixa claro que nada a isto eles
puderam responder (Vv 4). Jesus restaurou a saúde do homem que estava com
hidropisia e silenciou os seus inimigos. Eles não podiam responder porque não
tinham resposta alguma que incriminasse Jesus. Depois da cura, Jesus abriu uma
brecha entre eles, aumentando assim a determinação daqueles homens de destruí-lo.
Assim, podemos aprender que o legalismo leva as pessoas a obedecer mais às
tradições humanas, Jesus se opôs a isso e nós devemos semelhantemente.
Conclusão
O que podemos aprender com essa passagem?
Primeiro, as pessoas estão mais preocupadas em salvar animais que os seres
humanos. Segundo, a prudência de Jesus perante os seus inimigos. Terceiro, o
quarto mandamento foi um dia criado para praticar boas ações ao próximo.
Quarto, o legalismo torna-nos insensíveis diante das necessidades das pessoas.
Sidney
Muniz
Notas:
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