O
evangelho de Mateus e Marcos são os únicos que registram a segunda
multiplicação de pães e peixes. Mateus ao escrever esse Evangelho tinha em
vista um público judeu, por isso, ele usa muitas passagens do Antigo testamento
para provar que Jesus é o Rei e o Messias prometido de Israel. Há alguns
estudiosos da Bíblia que consideram esse relato apenas como um único acontecimento,
por outro lado, muitos consideram essa passagem como eventos separados. Apesar
das opiniões, vemos que esse milagre aponta claramente para a provisão de
Cristo.
Iremos
analisar de forma sucinta seus aspectos práticos para vida cristã e sobre a pessoa
de Cristo.
Jesus cura muitos enfermos
Partindo
Jesus dali, foi para junto do mar da Galileia; e, subindo ao monte, assentou-se
ali. E vieram a ele muitas multidões trazendo consigo coxos, aleijados, cegos,
mudos e outros muitos e os largaram junto aos pés de Jesus; e ele os curou. De
modo que o povo se maravilhou ao ver que os mudos galavam, os aleijados
recobravam saúde, os coxos andavam e os cegos viam. Então, glorificavam ao Deus
de Israel (Mt 15.29-31).
Nesse
trecho Jesus estava mostrando a sua providência sobre as enfermidades. Mateus
escrevendo que Jesus curava os enfermos estava provando que Jesus estava
cumprindo as profecias de Isaías (Is 35.1-7; 61.1-3). Quando João Batista
estava com duvidas sobre Jesus ser ou não ser o Messias, mandou seus discípulos
a Cristo, aos quais respondeu: “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e
vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos
ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho”
(Mt 11.5). Com isto, João entendeu que Jesus era o Messias prometido.
As
pessoas ao levarem os enfermos a Jesus demonstravam a esperança que elas tinham
nEle. Diante disso, aprendemos que a única pessoa que pode solucionar nossos
problemas é Cristo, nele deve estar toda a nossa esperança.
O
texto descreve que o povo se maravilhava com os milagres. Com certeza pelo fato
de verem os coxos andando, cegos enxergando, mudos falando e etc. Os milagres
de Jesus sempre causavam boas reações e não dúvidas, como se têm atualmente.
As
multidões glorificavam a Deus diante dos milagres de Jesus. Porém hoje, os
milagres estão engradecendo mais as denominações e os pregadores. Assim, vemos
que o objetivo dos milagres é glorificar a Deus e não o homem.
Jesus tem compaixão da multidão
E,
chamando Jesus os seus discípulos, disse: Tenho compaixão desta gente, porque
há três dias que permanece comigo e não tem o que comer; e não quero despedi-la
em jejum, para que não desfaleça pelo caminho (Mt 15.32).
Jesus
tem compaixão daquela multidão. A palavra compaixão significa: Ter piedade, um
sentimento de aflição pelas adversidades dos outros e se sensibilizar. E o
motivo da compaixão de Cristo, foi justamente por aquelas pessoas estarem três
dias com ele e não terem o que comer. Jesus nessa passagem nos ensina duas
verdades:
Primeiro,
Cristo se compadece de nossas necessidades básicas. Segundo, devemos ter
compaixão pelo o próximo. Paulo disse: “Alegrai-vos com os que se alegram e
chorai com os que choram” (Rm 12,15). João ainda nos deixa mais claro sobre o
assunto: “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão
padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o
amor de Deus?” (1Jo 3.17).
Vale
ressaltar que aquelas pessoas passaram três dias com Jesus. Podemos deduzir que
elas passaram esses dias ouvindo a palavra de Deus, nos relatos dos Evangelhos
Jesus estava sempre curando, expulsando demônios e ensinando. Desse modo,
podemos aprender que aquelas pessoas tinham desejo de ouvir Jesus. Será que
temos o mesmo desejo para com a pregação da palavra de Deus? Ou achamos os
sermões cansativos? Se houver essa negligência da nossa parte, isso só irá revelar
que não temos vontade de ouvir Jesus falar por meio da sua palavra.
A resposta dos discípulos
Mas
os discípulos lhe disseram: Onde haverá neste deserto tantos pães para fartar
tão grande multidão? (Mt 15.33).
Depois
de Jesus revelar aos discípulos a compaixão pela multidão e por elas não terem
o que comer, eles respondem “onde haverá neste deserto tantos pães para
alimentar uma tão grande multidão?”. Essa resposta soa como incredulidade, pois
os mesmos já haviam visto Cristo alimentar cinco mil pessoas e sobrar doze
cestos. Os seus olhos estavam fechados para a provisão de Cristo e não
entendiam que o próprio de Deus encarnado estava com eles. Portanto, muitas
vezes nos encontramos assim, com os olhos vendados para a soberania de Cristo.
A pergunta de Jesus
Perguntou-lhes
Jesus: Quantos pães tendem? Responderam: Sete e alguns peixinhos (Mt 15.34).
Jesus
pergunta quanto pães eles tinham, isso revelava claramente a sua providência
diante das coisas básicas da vida. Todas as nossas reais necessidades, jamais
passam despercebidas diante dos olhos de Cristo, cada uma delas é contemplada
por ele.
Aqui encontramos outra diferença entre a
primeira e a segunda multiplicação, na primeira eram cinco pães, enquanto na
segunda sete pães. Assim, Cristo contempla e sabe daquilo que precisamos,
podemos confiar inteiramente na sua providência.
Jesus alimenta uma multidão pela
segunda vez
Então,
tendo mandado o povo assentar-se no chão, tomou os sete pães e os peixes, e,
dando graças, partiu, e deu aos discípulos, e estes, ao povo. Todos comeram e
se fartaram; e, do que sobejou, recolheram sete cestos cheios. Ora, os que
comeram eram quatro mil homens, além de mulheres e crianças (Mt 15.35-38).
Jesus
alimenta outra vez uma multidão. Ele começa primeiramente, ordenando que
sentassem no chão, na primeira multiplicação ele ordenou que assentasse na
relva, provavelmente estavam na primavera. Segundo, ele pega os pães e peixes,
e deu graças a Deus. Cristo sempre agradecia quando estava diante de um
alimento, assim também devemos agradecer a Deus pelo pão de cada dia. Terceiro,
Jesus deu os pães e peixes aos discípulos, e estes, ao povo. Jesus deixou um
princípio importante para eles, que o Evangelho não é apenas alimentar o povo
com a palavra de Deus, mas sua parte material também. Quarto, todos comeram e
fartaram-se. A passagem aponta para o Antigo Testamento quando Deus alimentou
os israelitas no deserto, provando que Cristo é o Deus que supre as necessidades
do seu povo. Quinto, sobrou sete cestos cheios. Na primeira multiplicação
sobraram doze cestos, na segunda, sete. Sexto, os que comeram foram quatro mil
pessoas, tirando as criança e mulheres. Os números nesse relato, nos mostram a
dimensão do milagre de Cristo, nenhum profeta do Antigo Concerto fez um milagre
desta proporção, Elias alimentou uma viúva assim como Eliseu, cem homens foram
alimentados por Eliseu, porém, nenhum desses pode ser comparado com o sangue de
Jesus.
Conclusão
Portanto,
a segunda multiplicação dos pães e peixes, nos ensina que o primeiro e o
segundo não são os mesmos, contudo diferente. Além do mais, Cristo tem
compaixão das necessidades do seu povo e supre nossas necessidades por meio da
sua poderosa providência. Que possamos sempre confiar nos cuidados de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Sidney Muniz
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