O
capítulo 18 da primeira carta a Reis, narra um dos desafios mais importante da
história bíblica, a vitória de Elias sobre os profetas de Baal. Essa vitória
foi significativa, porque deu continuidade aos propósitos de Deus para o povo
do Senhor.
Nesse
texto, tenho como o objetivo mostrar como Elias confrontou os profetas de Baal,
como também apontar a relação desses profetas com os da atualidade, ou seja,
mostrar as características existentes em ambos; o contraste entre o culto
verdadeiro e o falso; a mensagem do profeta de Deus e dos de Baal.
Contexto Histórico
Para
entendermos melhor o confronto de Elias com os profetas de Baal, precisamos
entender em que situação o povo de Deus se encontrava. O rei que governava
Israel nessa época era Acabe, e ele fez tudo o que era mau diante do Senhor,
mais do que os reis que foram antes dele. O mesmo se casou com uma mulher
chamada Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o
adorou (1Rs 16:31). A lei do Senhor, não permitia um rei casar-se com uma
pessoa que não fosse da mesma fé, porque isso resultaria em um distanciamento
de Deus. Acabe desobedeceu a palavra de Deus e com isso colocou toda a nação na
apostasia. O povo não seguia mais a Deus como antes, mas sim, os deuses das
nações que estavam ao seu redor.
É
nesse contexto, que Deus levanta o profeta Elias para confrontar o pecado do
povo e trazê-los ao arrependimento.
Elias desafia os
profetas de Baal
Depois
de Elias profetizar uma seca sobre Israel, Deus manda ele ir para o ribeiro de
Querite e ficar lá por um certo tempo (1Rs 17:3). Acabando o tempo, Deus envia
o profeta para se encontrar com Acabe, e o rei ao encontra-lo diz:
E
sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe: És tu o perturbador de Israel?
Então disse ele: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai,
porque deixastes os mandamentos do SENHOR, e seguistes a Baalim (1Rs 18:17,18).
O
profeta de Deus deixa claro para o rei que, ele não tem perturbado a Israel,
mas o rei sim, porque deixou os mandamentos do Senhor.
Depois
disso, Elias diz para Acabe reunir diante dele os quatrocentos profetas de
Asera e os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal no monte Carmelo, o lugar do
desafio. Aqui não quero entrar em detalhes geográficos sobre o Carmelo, mas
sabemos que esse lugar foi escolhido por Elias, porque era neste local que era
realizado os cultos a Baal, o deus da fertilidade, do trovão e da lavoura. Então,
seria um desafio estratégico para os profetas de Baal provarem se ele de fato
era um deus.
Acabamos
de ver o lugar do desafio. Agora qual
era o desafio que Elias fez os
profetas de Baal? O texto diz:
Dêem-se-nos,
pois, dois novilhos; e eles escolham para si um dos novilhos, e o dividam em
pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam fogo; e eu prepararei o
outro novilho, e o porei sobre a lenha, e não lhe meterei fogo. Invocai o nome
do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que
responder por meio de fogo, esse será Deus. E todo o povo respondeu, dizendo: É
boa esta palavra (1Rs 18:23,24).
O
elemento desse desafio envolvia um sacrifício, e o deus que respondesse com fogo, esse será Deus.
O culto oferecido a
Baal
Elias
pede aos profetas de Baal, para prepararem primeiro o seu sacrifício, pois eles
eram muitos e ordena-os a invocarem o nome de seu deus,
sem pôr fogo (1Rs 18:25). Então, os
profetas de Baal oferecem o seu culto ao seu deus.
E com esse culto, podemos tirar cinco verdades
para os dias de hoje sobre os profetas de
Baal da atualidade.
Primeiro,
orações vazias. O texto menciona que,
esses profetas clamaram desde a manhã até o meio dia (1Rs 18:26). Muitos
pregadores de hoje se encontram em igualdade com esses
homens, cheios de palavras bonitas, porem
suas orações são sem conteúdo. Jesus disse que não devemos usar de vãs
repetições nas orações, isso Ele falava sobre pessoas usarem palavras bonitas e
eloquentes, mas seu coração não estava em harmonia com suas palavras (Mt 6:7).
Segundo,
danças. Os profetas de Baal clamavam,
porém, não eram atendidos. A passagem declara que eles saltavam em volta do altar que tinham feito (1Rs 18:26). Esse saltar em outras versões fala que eles dançavam em volta do altar. Isso era uma
forma deles cultuarem o seu deus. Do mesmo modo, muitos líderes de igrejas têm
imitados os profetas de Baal, tem introduzido essa pratica nas igrejas. Nem no
Antigo e nem no Novo Testamento ensina que dançar
é um elemento para cultuar a Deus dentro de uma congregação. Isso são modismos
que trazem para a igreja (não sou contra a dança em si), apenas não vejo como
elemento para culto. Miriã e Davi quando dançaram foi algo pessoal e era em um
contexto militar, obtida a vitória era normal as pessoas se alegrarem e dançarem
para comemorar. Não encontramos os mesmos, ensinando isto como regra para uma
congregação dançar. Agora faço uma pergunta diante disso, em que uma
coreografia vai edificar a igreja? Alguma pessoa se converteu vendo alguém dançar?
Até hoje não vi um testemunho sequer sobre tal caso.
Terceiro,
autoflagelação. O autor de 1Reis
demonstra que, esses profetas se retalhavam com facas e lancetas até escorrer
sangue para que o seu deus respondesse (1Rs 18:28). Isso era uma prática
condenada pela lei do Senhor. Sabemos que existe seitas praticante do
autoflagelamento ainda hoje. Mas aqui quero chamar sua atenção para o exagero que esses homens cometiam, todavia,
no tempo presente ainda encontramos falsos profetas com o mesmo extremismo dos
profetas de Baal; eles ensinam os fies a entregarem todas suas financias numa
espécie de fogueira santa, tridizímos, lenços e etc. Por isso, denomino eles
como os profetas de Baal da atualidade.
Quarto,
êxtases. Como os profetas dançavam,
se retalhavam com facas e nada de serem atendidos, agora eles começam a
profetizar até a hora do sacrifício da tarde (1Rs 18:29). Em outras versões este
profetizar é cair em êxtase. Eles caíram ao meio dia e foram
até a tarde (15 hrs). Podemos ver que, não
há nada de novo na teologia como disse Charles Spurgeon, exceto a heresia.
Os cultos a Baal eram marcados por êxtases, do mesmo modo como é em muitos círculos
evangélicos; onde manifestação do Espírito é; pessoa que cai no chão, rodar,
gritar, derrubar o outro com a mão, pregadores jogando paletó, unção do riso,
pastores entrevistando demônios e a lista é grande e não para por aí.
Precisamos fazer como Elias, confrontar essas
manifestações estranhas e contrarias a Palavra de Deus. Como disse John MacArthur:
as pessoas fazem o Espírito Santo parecer
ridículo.
Quinto,
falar somente o que agrada o povo. Os
profetas de Baal comiam da mesa de Jezabel, esses homens eram sustentados por
Acabe, porém, só podiam profetizar o que agradava ao rei. A prova disso,
encontramos quando o rei Acabe fala que Micaías nunca profetizava o que era bom
a seu respeito (1Rs 22:8). Os profetas da atualidade, pregam somente aquilo que
agrada o povo, por isso suas mensagens são bem de alto ajuda, antropocêntricas
e triunfalistas. Você nunca vê eles combatendo o pecado, falando sobre a volta de Jesus, arrependimento, justificação e
etc. Toda mensagem é bem centrada nas coisas dessa vida. Como disso Paulo: Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas
agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e
não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas (2Tm
4:3,4).
Elias vence os
profetas de Baal
Depois
de analisarmos os profetas de Baal oferecendo o culto a sua divindade e
comparar suas características com os profetas da presente era. Agora vamos
analisar como Elias derrota os falsos profetas. Nessa passagem, podemos
aprender as qualidades de um profeta verdadeiro que preza pela pureza do
evangelho. Aqui quero deixar quatro características desse homem de Deus.
Primeiro,
confronta o pecado do povo. Antes de
Elias chamar os profetas de Baal e Asera, ele combate a vida dúbia do povo: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas
se Baal, segui-o. O povo, porém, não lhe respondeu nada (1Rs 18:21). Um
verdadeiro profeta de Deus, nunca vai se conformar vendo sua congregação
vivendo uma vida rasa e voltada para dois reinos (mundo e igreja). No tempo dos
reformadores, esses homens eram destemidos, não falavam para agradar as pessoas
e nem deixavam de falar quando viam que a igreja estava caminhando para o erro;
eles exaltavam as verdades que estão contidas na Palavra de Deus. No presente
século, você vê pregadores pregando de uma maneira bem light, para que os
ouvintes não se ofendam. Portando, os profetas do Antigo Testamento, Jesus e os
apóstolos eram homens que combatiam o pecado.
Segundo,
restaura o altar. Os profetas de Baal
não foram bem-sucedido no seu sacrifício, agora era a vez de Elias oferecer o
dele. O texto mostra que, o profeta de Deus reparou
o altar havia sido derrubado (1Rs 18:30). O que isto significa? Isso nos
dar a entender que Elias restaurou o culto a Deus, porque no Antigo Concerto a
adoração ao Senhor envolvia sacrifícios de animais, mas hoje sobre a Nova
Dispensação tudo isso teve seu cumprimento na pessoa de Cristo. Aqui podemos
entender também que o profeta zelava pela glória de Deus, por um culto onde
Deus fosse o centro e não os deuses daquelas nações. Olhando para os cultos de
hoje, encontramos que Deus não é mais o centro, o homem virou a pessoa central
do culto; todo tipo de entretenimento é colocado na igreja, menos a palavra é valorizada.
Como disse John MacArthur: tudo parece estar
na moda hoje, exceto a pregação.
Quais
os elementos que podemos reconhecer para um culto? Os teólogos puritanos de
Westminster, elaboram o chamado princípio regulador do
culto, onde devemos colocar no culto somente aquilo que Deus ordenou na sua
palavra. Veja o que diz a confissão no capitulo XXI.V:
A leitura das Escrituras com o temor divino
(At 15:21; Ap 1:3), a sã pregação da Palavra (2Tm 4:2) e a consciente atenção a
ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e reverência (Tg 1:22; At 10:33;
Mt 13:19; Hb 4:2; Is 66:2); o cantar salmos com graças no coração (Cl 3:16; Ef
5:19; Tg 5:13), bem como, a devida administração e digna recepção dos
sacramentos instituídos por Cristo, são partes do ordinário culto de Deus (Mt
28:19; 1Co 11:23-29; At 2:42), além dos juramentos religiosos (Dt 6:13 com Ne
10:29); votos (Is 19:21 com Ec 5:4,5), jejuns solenes (Jl 2:12; Ester 4:16; Mt
9:15; 1Co 7:5); e ações de graças em ocasiões especiais (Sl cap. 107; Et 9:22),
tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um
modo santo e religioso (Hb 12:28).
Tudo isso, era reconhecido como parte para
um culto religioso.
Terceiro,
oração. Todos os homens de Deus das
Escrituras, eram homens de oração. Elias preparou todo o altar e colocou o
animal para o sacrifício, e em seguida faz uma oração:
Ó
Senhor, Deus de Abraão, de Isaque, e de Israel, seja manifestado hoje que tu és
Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra tenho
feito todas estas coisas. Responde-me, ó Senhor, responde-me para que este povo
conheça que tu, ó Senhor, és Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração (1Rs 18:36,37).
Veja,
a oração do profeta de Deus tinha como o objetivo a glória de Deus. Será que a
oração dos ditos profetas do nosso tempo, tem essa mesma intenção? Os ministros
de Deus, são pessoas comprometidas com a oração, já os falsos profetas não têm
nenhum compromisso com uma vida voltada para a oração; a não ser na frente de
pessoas para dizer que oram. Elias orou para que o povo de Deus se voltasse ao
arrependimento, quando pediu para Deus o responder; o Senhor atendeu com fogo
dos altos céus e toda a congregação de Israel conheceu que somente o Senhor é
Deus (1Rs 18:39). No Novo Testamento, temos a vida de
Jesus como maior exemplo de oração, os discípulos ficaram impressionados com
vida de oração de Jesus; em vez de pedirem: Senhor ensina-nos a pregar da forma
que o Senhor prega, eles pediram para o
Senhor ensina-los a orar. Portanto, que possamos aprender com Elias, Jesus e os
apóstolos sobre a importância da oração.
Conclusão
Elias
foi um profeta corajoso, enfrentou os profetas de Baal e aos mesmos foi provado
que sua divindade era totalmente falsa, com isso foram executados. Bem sabemos
que vai chegar um dia que os falsos profeta vão se deparar com o juízo de Deus.
Mas do relato de Elias com os profetas de Baal, podemos tirar várias lições
para os dias atuais, entre elas está o culto a Baal que era marcado por
manifestações estranhas como: danças, êxtases, orações vazias, autoflagelação e
profecias para agradar o rei Acabe. Todas essas ações são bem presentes nos
dias atuais.
Enquanto
que Baal representa uma espécie de culto falso a Deus e seus profetas, Elias restaura
o culto verdadeiro a Deus, onde o Senhor é exaltado. Ele representa, aqueles
pregadores que confrontam o pecado, quando eles se afastam de Deus. E não
somente isto, mas também o valor da oração, por intermédio dela Deus operou
poderosamente no meio do seu povo.
Que
possamos aprender com esse homem de Deus, imitar sua coragem quanto combater a
manifestações estranhas, pecado e defender a glória de Deus.
Sidney Muniz
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