Muitos cristãos de hoje,
não sabem a diferença entre lei e graça. Eu me lembro, quando congregava em uma
certa igreja, eles ensinavam que, as pessoas do Antigo Testamento eram salvas
por intermédio da lei; enquanto que as pessoas do Novo Testamento eram salvas
pela graça, então cresci em um ambiente que acreditava dessa forma a respeito
de lei e graça. Certo dia, me lembro de ter encontrado algumas passagens no
Antigo Concerto falando sobre a graça de Deus, foi então que comecei a fazer
alguns questionamentos de o porquê as pessoas ensinarem que a graça só aparece
na Nova Aliança, à medida que, encontramos ela claramente nos Salmos;
Pentateuco e outros livros do Antigo Testamento.
Portanto, vamos analisar
o que as escrituras ensinam sobre esse tema tão importante.
1. Como as pessoas do Antigo Testamento eram salvas
Como falamos agora pouco,
muitos evangélicos creem que, os crentes do Antigo Concerto eram salvos pela
lei. Analisando as escrituras, ela nos ensina que as pessoas do Antigo
Testamento sempre foram salvas da mesma maneira das pessoas do Novo Testamento,
através da fé. Vejamos o que Antigo Testamento ensina como Abraão foi salvo:
E
creu ele no SENHOR, e imputou-lhe
isto por justiça (Gn 15:6). Aqui está claro Abraão sendo
aceito diante de Deus por meio da fé. Agora vejamos como o Novo Testamento
interpreta essa questão: Que diremos,
pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi
justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois,
que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus,
e isso lhe foi imputado como justiça
(Rm 4:1-3). Fica evidente que, a Abraão não foi salvo por intermédio da lei,
mas por meio da fé. E não somente Abraão, encontramos nessa lista de Romanos 4,
Paulo fazendo menção de Davi que também foi admitido diante de Deus por meio da
fé. O que dizer de Hebreus 11? Onde registra os heróis da fé, todos eles foram
justificados através da fé e não pelas obras da lei.
2. A Graça no Antigo Testamento
Normalmente, os que
acreditam na manifestação da graça na Nova Aliança, utilizam o Evangelho de
João para provar sua crença: E o Verbo se
fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do
unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo 1:14). Por meio dessa
passagem, eles querem dizer que a graça começa na Nova Aliança e não na Antiga.
Se for assim, temos um problema com essa interpretação. Ela ensina dois
sistemas de salvação, um pela lei e outro pela graça. Como vimos antes, a Bíblia
ensina apena um sistema de salvação e não dois.
Há textos no Antigo
Testamento que fala da graça de Deus? Sim! E há várias passagens que fala da
graça de Deus claramente. Vamos aqui citar dois textos que prova isto:
Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor (Gn
6:8). Diante do contexto em que Noé vivia, se não fosse a graça de Deus ele não
teria se salvado com sua família e nem teria sido uma pessoa íntegra.
Porque a tua graça é melhor do que a vida, os
meus lábios te louvarão (Sl 63:3). Aqui, percebemos o valor
que o salmista dá a graça do Senhor. Essas duas passagens mostram de forma bem
clara que, a graça aparece no Antigo Testamento e os autores davam total atenção
e valor a ela, se não fosse por meio dela nenhum deles conseguiria viver uma
vida santa.
3. A Função da Lei
Um dos temas controverso
é falar sobre a lei, mas quero nesse texto deixar qual o objetivo dela de como
a Bíblia ensina. A função da lei nunca foi salvar o homem de seus pecados, isso
as Escrituras deixam mais do que evidente. Paulo escrevendo para a igreja da
Galácia, disse que ninguém seria justificado diante de Deus pelas obras da lei
(Gl 3:11), porque a lei coloca todos debaixo de maldição (Gl 3:10).
Entretanto, a lei tinha
como o objetivo de nos conduzir a Cristo. Paulo ensina isto claramente: De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim
de que pela fé fôssemos justificados (Gl 3:24). A palavra aio quer
dizer instrutor, mas o sentido dela também é de um criado de confiança,
encarregado de acompanhar e educar uma criança até que ela chegasse a
maioridade. O que Paulo está querendo dizer aqui é: a lei revela a justiça de
Deus, nos mostra que somos pecadores e merecemos a justiça divina sobre nossas
vidas; e ela nos revela a necessidade de salvação que só encontramos em Jesus.
Depois de alcançarmos a salvação pela fé em Jesus (que é maioridade) não
estamos mais debaixo do aio como disse Paulo: Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio (Gl 3:25).
A lei continua sendo
válida para os cristãos depois de salvos? Ela continua sim! Jesus disse: Não penseis que vim destruir a lei ou os
profetas; não vim destruir, mas cumprir (Mt 5:17). Jesus demonstra que não
veio para abolir a lei, mas cumprir, ou seja, Ele tanto cumpriu todos aspectos
da lei como também interpretou de forma mais profunda ela. Jesus na cruz aboliu
toda maldição da lei contra nossa vida. Agora, nós precisamos entender qual
parte da lei está em vigor para um cristão, porque os reformadores descavam que
a lei estava dividida em três partes; cerimonial, civil e moral. A lei cerimonial
não precisamos mais dela para os dias de hoje, porque Cristo cumpriu na sua
morte e ressurreição. Contudo, a lei moral continua para os nossos dias e
devemos obedece-la; ela revela a santidade e a vontade de Deus para todas as
pessoas. Jesus e os apóstolos fizeram menção dos dez mandamentos no Novo
Testamento. A lei moral para os cristãos serve como norma de vida e gratidão a
Deus por tudo que Ele fez em nossas vidas através de Cristo, ela não é usada
como instrumento de salvação.
4. Como a Lei e Graça se relacionam?
Quando não entendemos a
relação entre lei e graça, corremos o risco de cair em dois extremos. Um é o
antinomismo que, sustenta uma vida sem lei e que abre portas para a
libertinagem. Na época da reforma protestante, os católicos romanos acusavam os
reformadores de antinomistas, por dar muita ênfase na graça e não na lei;
homens como Lutero e outros ensinaram claramente que a lei serve para o cristão
como norma de vida. Outro extremo é o legalismo, por sustentar uma guarda da
lei de forma rígida em detrimento da graça. O legalismo tenta alcançar a
salvação por meios das obras, é a religião do mérito. Portanto, um cristão deve
tomar todo o cuidado para não cair em um desses extremos.
Nós devemos compreender
que, a lei e graça andam lado a lado em toda a Bíblia. De um lado a lei vai
revelando o pecado do homem e de outro a graça vai salvando o homem do seu
pecado revelado pela a lei. A lei demonstra que precisamos da graça de Deus, já
a graça demostra que precisamos obedecer aos dez mandamentos que está na lei
que é a vontade de Deus revelada ao homem. A lei para os que foram alcançado
pela graça, serve como instrumento de santificação e gratidão, ela é amiga de
todo aqueles que foram justificados por Cristo, porém, inimiga de todos que não
foram justificados. Desse modo, podemos dizer que encontramos graça na lei e
lei na graça. Entendendo dessa maneira a lei e a graça, não cairemos nem no
legalismo e nem no antinomismo.
Conclusão
O que podemos tirar de
aprendizado até aqui é que, ninguém no Antigo Testamento foi salvo por
intermédio da lei, mas sim pela fé depositada no Messias que haveria de vir. A
graça de Deus está claramente no Antigo Concerto e não somente na Nova Aliança,
a diferença entre elas é que no Novo Testamento ela se revelou de uma forma
mais ampla. A função da lei nunca foi salvar alguém, mas revelar o pecado. A
lei tem tanto a função pedagógica como persuasiva. Pedagógica no sentido de
ensinar a andar em retidão, persuasiva no sentido de mostrar o pecado do homem
e de que ele precisa de Cristo. Entendendo como a graça e a lei se relacionam,
evitaremos de cair no extremo do legalismo ou do antinomismo.
Sidney
Muniz
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